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TUTU OR NOT TUTU?

Antropofagia culinário-performativa ou

receitas para alimentar-se de arte   

 

O projeto “Tutu or not tutu?”, concebido por Tania Alice no ano de 2022 na UNIRIO com a participação das artistas e bolsistas de iniciação artística Julia Campbell e Thallita Flor, dialoga com essa ideia da absorção das influências artísticas externas características do projeto modernista, a partir de duas linguagens artísticas que se entrecruzam: a performance – que teve como uma de suas origens os experimentos do Futurismo europeu, que também serviu de inspiração para a Semana de 22 - e a arte culinária.

As duas formas artísticas sempre seguiram padrões estéticos impostos pelos Estados Unidos e a Europa:  na escolha das temáticas, dos ingredientes/materiais, e na escolha do formato estético final. Em seu livro Radicante – por uma estética da globalização (2009), o crítico de arte Nicolas Bourriaud mostra o quanto a linguagem artística contemporânea considerada universal é uma linguagem propagada pelos padrões norte-americanos e europeus, enquanto que outras culturas devem produzir um diferencial “exótico” em relação a essas normas consideradas referência no mercado da arte internacional. 

 

Para a experimentação artística, as artistas tomaram por ponto de partida dez alimentos da natureza oriundos da diáspora africana ou da cultura indígena, como mandioca, jaca, quiabo, azeite de dendê, folha de bananeira, entre outros. Na contramão de um projeto colonizador que propaga o extermínio de determinados modos de viver, o projeto pretendia valorizar os alimentos fundadores da nossa alimentação por meio da arte. Colocados como principais ingredientes na criação de receitas inventivas que os envolvem, os alimentos constituem os elementos centrais das fotoperformances, que pretendem apresentar os alimentos de forma criativa, suscitando um olhar novo sobre eles e reinventando, assim, nossa relação com eles. 

 

Outra vertente importante do projeto é o fato dele veicular uma visão antiespecista, propondo receitas exclusivamente veganas. Sabemos que a crise sanitária atual é uma crise antes de tudo ecológica, da qual não haverá saída senão por meio de um cultivo de cuidados com o meio animal e vegetal. Por esse motivo, precisamos urgentemente reinventar nossa relação com os nossos parceiros animais neste planeta, entendendo que precisamos inventar outras formas de relação e de parceria do que a exploração cruel que estamos realizando e que se intensificou nas últimas décadas. 

 

Para poder alcançar um número significativo de pessoas, o projeto como um todo destinava-se também ao desenvolvimento de um produto artístico destinado a gerar benefícios para a população: um e-book disponibilizado gratuitamente que reúne receitas e fotoperformances criadas e apresentadas nesta exposição, e que pode ser baixado gratuitamente aqui no nosso site. 

 

Por meio da valorização de um elo com a natureza e da possibilidade de alimentar-se bem a baixo custo, atuando assim no eixo ambiental, da saúde pública além da criação artística e formação humana e cultural, afirmamos no nosso trabalho artístico os valores de uma arte sustentável que se inscreve dentro de uma perspectiva de poéticas do cuidado que seguem uma eco-lógica, cuidando de si, do outro, e do meio ambiente e tornando-se assim sustentável em todos os sentidos. 

 

Baixe gratuitamente aqui o e-book - clique abaixo no ícone pdf

TUTU OR NOT TUTU? - Antropofagia culinário-performativa ou Receitas para alimentar-se da artepor Júlia Campbell, Tania Alice e Thallita Flor

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